quinta-feira, 10 de maio de 2012

CHURCHILL, ESTADISTA E (BOM) ESCRITOR

                                   
Ferrenho anticomunista, ao ponto de jurar que faria, no parlamento britânico, uma menção do demônio – leia-se a então União das Repúblicas Socialistas Soviéticas -, caso o alemão Adolf Hitler invadisse o inferno, Winston Churcil, um dos estadistas mais admiráveis notáveis do Século XX, não impressionava só com declarações políticas, acordos  e tomadas de decisões que ajudavam a mudar a história. Também, era hábil em colocar palavras no papel e transmitir sentimentos, emoções e curiosidades que a humanidade cobrava por mais detalhes. Tanto que, em 1953, levou para casa o Prêmio Nobel e Literatura, num tempo em que o mundo pós-guerra vivia infestado por monstros sagrados que pegavam na pena com magia.
 Para quem ainda não foi introduzido no mundo desse homem que ocupou os mais importantes cargos públicos do seu país e conviveu com os principais líderes do seu tempo, a Editora Nova Fronteira está colocando nas livrarias o segundo volume dos relatos de Churcill, em torno de suas “Memórias da Segunda Guerra Mundial”. O texto é de 1948, três anos após o fim do conflito, e nele o estadista não perdoa o seu país, a Inglaterra, e, principalmente, o Partido Conservador, então no poder, por adotar uma postura neófita, quando, na Alemanha, do lado da ilha de Sua Majestade, Hitler começava a se assanhar. Churchill vende a sua versão de como a guerra poderia ter sido evitada, imprimindo ä leitura um autêntico ritmo de aventura. Afinal, convocando o escritor que dentro dele residia junto com o político, ninguém mais apto do que ele para narrar a invasão da Rússia pelos tanques alemães.
 Uma das grandes curiosidades que mais envolveram nossos pais e avôs, o porquê da não invasão da Inglaterra por Hitler, em 1940, quando se encontrava no auge do poder, é uma das narrativas mais emocionantes do texto. Dava pra imaginar Churchill e o líder revolucionário russo Josef Stalin mantendo, por três anos, relações íntimas,estritas e até,em alguns momentos,  afáveis? Seria demais para um eleitor do Partido Conservador inglês entender. Da mesma forma, não daria para imaginar dois homens de ideologias tão diferentes diante de uma mesa consumindo caviar, vodka, vinhos e diversos cardápios franceses e alemães, enquanto o mundo pegava fogo e em armas. Enfim, só mesmo o autor pode explicar-lhe, dentro de um testemunho que consome 1.135 páginas de história.
 Parlamentar, pela primeira vez, em 1901, Winston Churchill não foi tão fiel, inicialmente, aos seus princípios ideológicos. Tanto que, três anos depois, mandou o Partido Conservador “pro país que puder” e se aliou aos liberais. Da mesma forma, “de vez em sempre que podia”, dava as suas “puladinhas de cerca” no seu casamento com a política, para visitar a outra sua grande amante, a literatura. Encontro fogosos, que renderam mais de 30 filhos, isto é livros. O segundo volume de “Memórias da Segunda Guerra Mundial” foi gerado 17 anos do último dia de vida emocionante do autor, quando ele já amavas mais a literatura do que a política, e o eu país, naquele instante de paz pela qual ele tanto trabalhara, o que mais queria era amar os Beatles e os Rolling Stone.   
                

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