quinta-feira, 10 de maio de 2012

BACH, O MÚSICO DO POVO

 Ele usava elemento populares como base para o que compunha

 Neste ano, os estudiosos da obra do compositor  alemão Johann Sebastian Bach têm um grande motivo para celebrar: há 300 anos, o genial rapaz que jamais fora um garoto-prodígio,  conseguia o seu primeiro emprego como músico de câmara.
 Nascido em 21 de março de 1865, em Eisenach, o menino Johann começou mostrar grandes progressos no domínio das partituras musicais, já aos 10 anos. Aos 16, descobre o órgão e começa a compor. Aos 19, torna-se organista de igreja, em Arnstad, e assim continua até os 23, quando passa a trocar em outra igreja, em Muehlausen. Em 1708, foi quando o Duque de Weimar o contratou como músico de câmara e organista, emprego que durou quatro anos, Bach começou a decolar.
 Johann Sebastian Bach teve uma careira lenta, mas muito bem trabalhada. Não inovou padrões estáticos e fez da sua música um instrumento de exteriorização da sua personalidade. Luterano, ele salpicou a sua obra de religiosidade, de forma equilibrada, ordenada e perfeita, sempre fiel às suas origens, natureza e convicções. Era visto como um versátil e competente instrumentista, enquanto não atentavam para o brilhantismo de suas composições. Só mesmo a posteridade reconheceu-lhe como um gênio e um dos maiores mestres musicais de todos os tempos.
 Filho de uma família de muitos músicos, Bach foi iniciado no assunto pelo pai, Johann Ambrosius, que repassou-lhe as primeiras noções de teoria musical, viola e violino. Órfão de mãe, aos 9, e de pai, aos 10 anos,  foi adotado pelo irmão mais velho, Johann Christoph, organista de igreja, em Ohrdruf, a 48 km de Eisenach, de onde o garoto saía, a pé, para estudar órgão e cravo, com o corpo todo dolorido, pela caminhada.
 No meio do caminho para a sua consagração, Bach encontrou a Guerra dos 30 Anos – na metade do Século 17, entre católicos e protestantes –, devastando a Alemanha, principalmente a vida musical. Com 15 anos, ele botou o pé na estrada, e caminhou quase 300 km para se refugiar em Lüneburg, cidade que sofria grande influência francesa. Ali, arrumou emprego como cantor de coros sinfônicos e estudava com os melhores mestres da região. Também a pé, percorria quase 50km, até Hamburgo, só par ouvir Jan Adams Reinken, um dos melhores organistas do planeta.
 Foi por aquele período que Bach travou contato com a música francesa, chegando a atuar, clandestinamente, na orquestra do Duque George Wilhelm, em Celle. A aristocracia se divertia, sem saber que Johann Sebastian tocava para ela, de graça, por puro prazer. Mas Bach ainda não era ninguém, e nem tinha prestígio como organista.
 Quando perdeu a tonalidade de sua voz juvenil – e, também, sua fonte de renda –, Bach intuiu que compor seria o seu futuro, e mirou-se no virtuosismo de Boehm e de Reinken para explorar o grande campo criativo que o órgão oferecia. No entanto, precisava de uma fonte de renda para chegar até onde queria. Aos 18 anos, arrumou emprego, como violinista, na pequena orquestra  do Duque Johann Ernst, de olho em uma vaga como organista.            
 COMPORTAMENTO – A personalidade, independência e autoconfiança de Bach lhe arrumaram muitas encrencas. Por exemplo, quando era organista de igreja, em Arnstadt, teve muitos atritos com os colegas-músicos, autoridades eclesiásticas e até com fiéis. Chegou a agredir um fagotista a golpes de espada.
 Certa vez, Bah solicitou licença do emprego, por quatro semanas, mas passou quatro meses sem dar notícia. Quando apareceu, foi acusado de irresponsabilidade, negligência e desrespeito ao emprego e aos empregadores. Só não foi demitido porque era muito talentoso. Ms nem por isso deixou de arrumar confusões na igreja. Uma delas foi colocar a prima Maria Bárbara para cantar no coro do templo, sabendo que os corais da época rejeitavam as mulheres.
 As brigas seguintes de Bach foram com o pastor luterano da igreja de Muehlhausen, que  limitava-lhe a sua criatividade e lhe pagava uma miséria.  Como já havia composto a Cantata de Páscoa, além de variações, sonatas, cantatas e fugas para órgão, e pretendia dedicar-se mais às composições, Bach mandou seu chefe “pra´quele lugar”.               
 Não foi diferente, também, no emprego seguinte, em Weimar. Embora o Príncipe Wilhelm Ernst gostasse muito dele, além de incentivá-lo a dedicar-se ao órgão e aplaudir as suas composições, os dois brigaram, após o Johann Sebastian ter chegado a maestro de concerto – compositor de música de câmara da corte – e ser preterido quando surgiu a chance de ser promovido a mestre de capela. 
 Por causa daquilo, Bach pediu demissão, teve um bate-boca com o príncipe e, em 6 de novembro daquele 1717, foi parar na cadeia, onde “hospedou-se”, por um mês. Ao sair, deecidiu servir a outro príncipe, Leopold Anhalt, de Coethen, que lhe deu o cargo que almejava – Bach levou na bagagem 15 cantatas, escritas entre 1714 e 1716.
 MÚSICA PROFANA – Aos 33 anos, Johann Sebastian Bach, já maduro como instrumentista e compositor, só trabalhava com música religiosa. Então, veio-lhe à mente chegar ao profano, e o príncipe Leopold não se opôs. Então, compôs quatro aberturas, dois concertos para violino e várias sonatas, além de 24 prelúdios e fugas para o cravo.   
 Bach ganhava bem e vivia confortavelmente na corte de Coethen, onde, também, mantinha contato com grandes músicos italianos, dos quais assimilou conhecimentos e novas técnicas de compor. Entre 1720/21, porém, perdeu a esposa – e prima, Maria Bárbara – e o irmão mais velho, Johann Cristoph, e entrou em depressão. Recuperou-se agarrando-se em sua fé religiosa e no amor pelos filhos – Wilhelm Friedmann, Karl Fhillip Emmanuel e Johann Gottfried Bernhard, sobreviventes, de sete irmãos.
 Passada a depressão, Bach casou-se com a soprano Ana Magdalena Wilken, ainda 1721, e com ela teve 13 filhos. Como só havia trabalhado em obscuras cidades do interior alemão, partiu para aventurar-se em Leipzig, em 1722, onde foi considerado medíocre e  só arrumou emprego “por falta de coisa melhor”. Isso já sendo autor da cantata “Jesus Nomeia os Doze” e “A Paixão Segundo São João”. E a mesma desconsideração lhe foi prestada,, em 1729, durante a Semana Santa, quando apresentou “A Paixão Segundo São Mateus”.  Chegou a ser proibido, pelos conselheiros da corte de Leipzig,  de escolher cantores e instrumentistas para as suas obras.
Mais confusões. Indignado, Bach passou a negligenciar em seu trabalho e teve o seu salário suspenso. Chegou, depois, a um acordo de paz que durou quatro anos. Vieram novas brigas com superiores, até Johann Sebastian, a partir de 1740, afastar-se escola onde ensinava música aos jovens de Leipzig, para dedicar-se às suas composições.
Em 1762, com 62 anos, Bach ganhou o reconhecimento do Rei Frederico II. Aos 65, perdeu a visão, sem se apavorar. Dava por cumprido o seu dever com a música, para a qual vivera, até 28 de julho de 1750. Porém, o mundo levou 100 anos, após aquela data, para entender a sua grandeza.      
       

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