quinta-feira, 10 de maio de 2012

TIRADENTES QUER VIVER NA BOCA DO POVO


                            
Ex-servidor público, de 75 anos, gasta  aposentadoria, de R$ 700, lutando pela reativação da memória do Patrono da Nação

 “Mãe! Olha que homem diferente!”
 O toque da menina, de seus 13 anos, e o olhar curioso da jovem mãe, que não deveria ter mais de 30, já não eram mais surpresa para Amarílio Carvalho, representando a figura de Tiradentes. Por ser diferente, engraçado, curioso, é sempre parado, para tirar uma fotografia ao lado de alguém. E dar uma explicação à garotada: porque está com aquela corda no pescoço?
 Simplesmente, Amarílio quer enforcar o que classifica de “descaso, falta de atenção das autoridades educacionais, com o principal vulto da história do Brasil”. Fazendo uma pesquisa, ele constatou que os jovens não sabem mais quem foi José Joaquim Silva Xavier. Então, decidiu enfrentar a chacota das pessoas e lutar pela recuperação da memória do inconfidente.
 Embora só tenha estudado até o segundo grau, Amarílio tem um discurso fluente, é catedrático, auto-didata na luta brasileira contra o domínio português e demonstra perfeita sanidade mental. “Nem ligo quando me chamam de velho doido, extra-terrestre. É o preço que custaria lutar pela coreção de uma injustiça contra o Patrono do Brasil.  A história fantasia que Dom Pedro chegou às margens do riacho Ipiranga, puxou um lenço e proclamou a nossa independência. Na verdade, o que ele fez foi mostrar esperteza. Pegou carona no bonde que o levaria ao inevitável, se agarrou à corda que enforcou Tiradentes, 30 anos depois. Dom Pedro I roubou a glória de quem já havia solidificado um desejo coletivo”, discursa.
 Aos 75 anos – nasceu em Paraíba do Sul-RJ, em 1º de maio de 1933 –, Amarílio não é espírita e nem se liga a nenhuma religião. Diz que transita, livremente, por todas as tendêcias e define-se como “livre pensador”. Mas admite, na base do tradicional “?que sabe?”, que possa ter sido uma das encarnações anteriores do espírito de Tiradentes. Nesse pnto, revela:  “Certa vez, visitei uma entidade espirita, e uma das suas grandes autoridades apontou o Lula (o presidente Luís Inácio Lula da Silva), como sendo a reencarnação de Tiradentes. Na época, ele era apenas um torneio mecânico aposentado que perdia todas as eleições parlamentares majoritárias que disputava”, lembra.
DESTINO -  Amarílio mede 1,m73, perto da altura, batendo com o alferes, em 1792, quando aquele foi enforcado, “após três anos de muito sofrimento”, ressalta. Os dois só não batem no timbre de voz, que era tronitroante no inconfidente, enquanto o dele é calmo, sereno. Ele usa o mesmo modelo de cabelo e barba do mártir, mas inova na “corda fatal’, introduzindo o triângulo símbolo da bandeira de Minas Gerais, abaixo do nó. Quando caminha, carrega a bandeira mineira, na mão esquerda. Com a direita, eleva um cartaz, com uma frase dita por Tiradentes, há 216 anos: “Se todos quisessem, poderíamos fazer do Brasil uma grande Nação”.
 O primeiro encontro do divulgador com o seu personagem deu-se, por acaso, durante um congresso de esperanto, em julho de 1982, quando ele foi convidado para representar Tiradentes, em uma peça teatral, na única vez em que esteve em Ouro Preto-MG. Na época, nem visitou o museu onde se encontra o cadafalso onde seu ídolo foi esquartejado. “Eu era apenas um servidor público, do antigo INPS. Fora daquilo, só me ligava na divulgação do esperanto, o que gerou o convite para uma peça a ser encenada dentro daquela linguagem”, conta.
 Assim com Tiradenteas, que não se casou, mas teve seus amores e uma filha, Amarílio tem a certeza de que, também, enverdou-se pelo ramo da “produção independente”. Mas, como nos seus tempos de galã, no Rio de Janeiro, não havia exames de DNA, terminou aposentado e sozinho. Foi quando um congresso de esperanto o levou para Mato Grosso, em 1999. Terminou ficando por lá, onde o contato com a natureza o fez deixar cabelo e barba crescerem. De lá para cá,  vive, “com pouco mais de dois salários-mínmos”. Além de pesquisar e divulgar seu herói, ele preenche o seu tempo servindo à comunidade, como jardineiro voluntário, em Barra do Garças.
 Para viajar e divulgar o patrono brasileiro, Amarílio economiza e vende camisetas. “Planto a minha horta, da qual tiro a minha alimentação  vegetariana, e lavo e gomo a minha roupa, afinal, pago R$ 150 reais de aluguel, todos os meses. Quanto à sua “vida de Tiradentes”, esta começou na Esplanada dos Ministérios, no dia da posse do presidente Lula, em 1º de janeiro de 2003. Na época, ele era militante do PT e adorador do futuro chefe da Naçãoo. Ainda o é, e lamenta jamais ter conseguido falar-lhe. Porém, o seu encanto com o petismo terminou quando estourou o “Escandalo do Mensalão”, em 2005 – hoje, ele milita no Partido Verde.
 Amarílio não liga o presidente Lula a nada que gerou o “Mensalão”. Prefere analisar e projetar a história para a época desse escândalo recente. E imagina: “Se Tiradentes fosse vivo naquele momento em que políticos eleitos pelo povo torravam, irresposavelmente, o dinheiro público, ele, que ofereceria mil vidas, se mil vida as tivesse, para libertar o Brasil, de tanta vergonha, teria se enforcado. Não daria tal glória a Don Maria I e a nenhum dos covardes parasitas da corte portuguesa, que só davam aos brasileros a opção de pagar pesados impostos”.
 VOZ MISTERIOSA - Amarílio Carvalho, que só tem o segundo grau completo, pesquisou, nos mínimos detalhes, o percurso e o tempo gasto por Tiradentes, desde a chamada cadeia velha, até o cadafalso (hoje, Praça Tiradentes). No túnel do tempo do Rio de Janeiro, entrou no trajeto do martírio, em dia e horário equivalentes, e concluiu que tudo aquilo se faria em apenas 20 minutos. “A corte portuguesa induziu o povo chingá-lo, execrá-lo, mandou repicar sinos, gastou três horas produzindo um abominável espetáculo de crueldade”, lamenta.
Assim como não condena o carrasco Jerônimo Capitânia, “que apenas cumpria ordens”, ressalva, Amarílio perdôoa Tiradentes, por beber suas cachacinhas e, com a cabeça feita, fazer discursos contra o império português, pelas tabernas de Vila Rica, hoje Ouro Preto, contribuíndo para a delação dos inconfidentes. “Aquilo não perturbrou o espírito da sua grande mesagem, pois ele já rasgava o verbo contra Portugal, por onde passasse, mesmo sabendo que praticava o maior crime, do ponto de vista do colonizador”, situa.
 Amarílio execra a cueldade portuguesa, subvertendo a história. Troca a cor do manto que Tiradentes usou durante o seu esquartejamento, por um negro. “É a minha forma de exprimir um luto sem fim” justifica. Nos seus lamentos atuais, o principal é não ter recebido respostas à consultas feitas a um colégio militar e ao comando de uma PM – não revela de onde – sobre a possibilidade de desfilar com uma dessas entidades, homenageando o patrono da Nação, num sete de setembro.
 Tiradentes e Amarílio se uniram, inseparavelmente, no final de 2001, por volta das 10h da manhã, quando ele estava, sozinho, em casa e teve a impressão de ouvir uma voz sugerir-lhe: “Vista um roupão preto, ponha uma corda no pescoço e vá para as ruas divulgar Tiradentes”. No domingo passado, dia 31 de agosto, 236 anos depois da Inconfidência Mineira, quando visitava a 27º Feira do Livro de Brasília, ele foi parado e apoiado por uma senhora idosa, que lhe abraçou, dizendo: “Muito obrigado! Eu sou tetraneta de Tiradentes’.

Um comentário:

  1. Acredito que de fato Lula seja a Reencarnação de Tiradentes. Mas temos aqui ainda muitos Joaquins Silvérios a difamá-lo, ao contrario dos grandes do mundo e pessoas como Leonardo Boff e outros.

    Você que o critica, quantos Prêmios você tem ????

    Davos, Salamanca, Coimbra, etc não sabem nada. VOCÊ SABE.


    http://pt.wikipedia.org/wiki/Anexo:Pr%C3%AAmios_e_honrarias_recebidos_por_Luiz_In%C3%A1cio_Lula_da_Silva

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