quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

HISTÓRIA ANGICALENSE

Até 1828, a margem esquerda do Rio São Francisco servia a então província de Pernambuco, quando foi anexada ao território baiano. Por meio de carta escrita em 1700, o governador pernambucano, Dom Fernando de Mascarenhas e Lancastre, declarou: “A Casa da Torre, os herdeiros de Antônio Guedes de Brito e Domingos Afonso Sertão são senhores de todo o sertão de Pernambuco”. Em seu livro “Bandeirantes e Sertanistas”, Borges de Barros informa: ”A colonização da parte ocidental do rio São Francisco, na região que reúne Casanova, Remanso, Pilão Arcado, Barra do Rio Grande, Santa Rita do Rio Preto, Campo Largo, Angical, Santa Maria da Vitória, Sant’Ana dos Brejos, Barreiras, Correntina e Rio Cariranha, nos séculos XVII e XVIII, obedeceu a orientação das Casas da Torre e da Ponte”. Logo, a vida angicalense começou tutelada pelo domínio feudal, o que teve continuidade por uma petição datada de 30 de janeiro de 1749, endereçada a Dom Marcos de Noronha, do Conselho de Sua Majestade, Governador e Capitão-General de Pernambuco, concedendo a João Martins, em 19 de abril do mesmo ano, Carta de Sesmaria do sítio Brejo do Angical, com a “distância” de uma légua, o equivalente hoje a sete quilômetros.  No começo do Século XIX, o Brejo do Angical, assim chamado por conter em seu território extensas matas de angico circundadas por brejos e alagadiços, passaram ao domínio dos irmãos José Joaquim de Almeida, Joaquim Herculano de Almeida e Manoel Frederico de Almeida, descendentes de ilustre família portuguesa. Proprietários de grande quantidade de escravos, os Almeida se dedicaram à cata de diamantes nos boqueirões da Chapada Diamantina, à construção de barragens, à lavoura, principalmente de cereais, e à criação de gado, cujas boiadas atravessavam o Rio São Francisco  para serem levadas até a região de Lençóis. Prósperos em seus empreendimentos, os Almeida desfrutavam de grande prestígio junto ao Imperador. Viviam na opulência, construindo suntuosas residências. Católicos, em 1810, construíram a primeira igreja angicalense, ornamentando-a com imponentes obras de arte e outros objetos em ouro e prata. Em 1821, o Brejo do Angical tornou-se a freguesia de Sant’ Ana do Sacramento do Angical, pertencente ao bispado de Pernambuco, situação que durou até 1828. Sessenta anos depois, com a abolição da escravatura, pela Lei Áurea, o poderio econômico dos Almeida desarticulou-se completamente, e eles se viram obrigados as vender  fazendas. Muitos membros da família, inclusive, partiram para o Rio de Janeiro, onde situava-se a corte imperial.  Em 5 de julho de 1890, o governador  e marechal Hermes Ernesto da Fonseca, elevou a freguesia à categoria de vila, inaugurada a dois de janeiro do ano seguinte, com seu território desmembrado  de Campo Largo, o atual município de Cotegipe. Pela lei municipal de 20 de fevereiro de 1891, Barreiras, hoje o maior centro produtor da região oeste da Bahia, tornou-se distrito de paz subordinado a Angical. Mas desligou-se do mesmo pela lei estadual nº 237, de seis de abril do mesmo 1891, por meio de lei estadual. 

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